- E daí?! -



E daí que você se formou ano passado e tem o emprego dos sonhos? 
Aliás, dos sonhos de quem?
E daí que te disseram que ter um bom salário e uma vida estável 
é o segredo da felicidade, se você passa onze meses esperando suas férias 
para finalmente, talvez, se libertar da vida limitada que você escolheu? 
Desisti de procurar sentido em seguir o ciclo da maioria. 
Estudar muito – em geral, coisas que sequer 
nos apetecem – estudar mais um pouco 
pra conseguir trabalhar muito pra ter a vida que a maioria tem: 
uma casa, um pouco de conforto e uma vida inteira de dias iguais.
Acordar no mesmo horário, pegar trânsito 
por duas horas ou um transporte público lotado, 
reclamar do chefe, do engarrafamento, do almoço corrido, 
das relações problemáticas, ir dormir frustrado e se consolar com o fato de 
os seus pais terem orgulho de você, sem, muitas vezes, se perguntar: 
e você, tem orgulho de você? 
Já não quero usar meu tempo em achar uma razão para seguir um caminho 
apenas quando há milhares de caminhos no mundo. 
Em acordar no mesmo lugar se eu posso experimentar 
mil vidas para que, no fim, viver tenha valido a pena, 
mesmo que eu não tenha um pé de meia na velhice.
Mesmo que eu não compre casa própria 
– porque o mundo pode ser a minha casa!
 – mesmo que as pessoas não me olhem e sintam inveja da minha carreira. 
Já não vejo sentido em encenar uma vida que faça com que 
os outros pensem que estou feliz em vez de simplesmente 
ser feliz independente do que esperam de mim. 
Aliás, o que esperam de mim é o que menos me importa na vida. 
A verdade é que o conceito de sucesso mudou e pouca gente se deu conta. 
Quando a gente se deixa evoluir, seguir o script deixa de ser 
sinônimo de sucesso: a gente cria o nosso próprio script. 
Quando a gente tira as vendas que nos colocam desde o momento em que 
nos entendemos no mundo, a gente entende que 
há milhões de possibilidades além das mais lógicas, 
e que a melhor delas é a que nos faz felizes. 
E que a vida é mais que comprar coisas inúteis, e que a gente precisa 
de muito menos do que se pode imaginar. 
Aliás, e daí se você foi aprovado no mestrado? 
Nada ensina melhor que viver. 
E daí se você é assunto no momento? Eu sou o meu assunto. 
E daí se você chegou onde acha que queria? 
Já não vejo graça em ver o fim da estrada, 
se eu posso ser surpreendida todos os dias. 
E daí se você se sente confortável? Eu me sinto viva, a cada dia mais. 
E daí, cara pálida, se você é bem sucedido? Eu só quero ser feliz. 


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